Fragmentos da História Local
Atualizado em 24/01/2022Instrumento de prestação de contas entre João de Cambra e João de Córdova dos bens das órfãs, filhas de Gonçalo Vasques da Silveira.
O documento número 1 da Coleção de Pergaminhos do Arquivo Municipal de Redondo data 7 de Novembro de 1365.
Trata-se de um documento notarial, um manuscrito sobre pergaminho e um raro testemunho escrito existente sobre Redondo elaborado pouco tempo após a sua fundação (Carta de Foral de D. Dinis, de 27 de Abril de 1318).
O manuscrito de caligrafia medieval dá-nos a conhecer um fidalgo de nome Gonçalves Vasques da Silveira, proprietário de um considerável património fundiário, composto por herdades, casas, talhas, vinhas, gado e cereais. A descrição dos bens permite-nos concluir que estamos perante uma poderosa família local. Quando morreu deixou duas filhas: Leonor Gonçalves da Silveira e Maria Gonçalves da Silveira. Como “erom pequeninas” e a viúva, Alda Rodrigues de Aguiar, voltou a casar, por lei, perdeu o direito à tutela das filhas e ao poder administrar o seu património. Foi nomeado um tutor das duas menores, João de Cambra. Findo o período legal de dois anos, a 7 de Novembro de 1365 é nomeado novo tutor, João de Córdova.
Podemos identificar a referência a treze pessoas: três membros da família Silveira (Gonçalo Vasques da Silveira “escodeyro” a as filhas Maria Gonçalves da Silveira e Leonor Gonçalves da Silveira), três magistrados locais (Vicente Longo, Afonso Esteves e João Eanes), dois tutores (João de Cambra e João de Córdova), um tabelião (Vasco Domingues) e quatro testemunhas (Lourenço Esteves, Gomes Lourenço, Afonso Peres e Afonso Martins).
Na parte inferior direita do documento podemos admirar o sinal do Tabelião Vasco Domingues, tabelião de el-Rei na vila de Redondo.
Sabe-se que este pergaminho pertenceu a uma biblioteca particular, foi vendido em leilão e adquirido por um Livreiro Antiquário em Lisboa. A 7 de Novembro de 2015, data que completou 650 anos, foi oferecido pelo Dr. Duarte Catalão ao Arquivo Municipal.
A antiguidade e autenticidade deste documento possui um valor histórico incalculável. E ironicamente, foi averbado no verso “Inutil” porque já não servia em termos jurídicos! Sete séculos após a sua redação é o registo mais antigo em posse do Arquivo Municipal.
É um privilégio divulgar e ter acesso a este raro pergaminho em excelente estado de conservação.
Cota: PT/CMRDD/COL/PERG/001
Mais informações, em: https://www.cm-redondo.pt/municipe/cultura/fragmentos-da-historia-local/.