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De tradições se vive o Carnaval em Redondo: quinta-feira de amigos, quinta-feira de amigas, compadres, comadres…
Do popular ao regulamentado, o Carnaval tem uma forte componente lúdica e cultural para os redondenses.
Em Edital, datado de 1867, proibia-se: o uso de máscaras ou trajes que ofendessem a religião ou a moral pública; atirar bombas, laranjas ou quaisquer objetos que possam causar prejuízo… e dar tiros dentro da povoação; escrever palavras desonestas nas paredes; e, usar máscaras à noite ou qualquer espetáculo sem licença.
Em 1927, nas Sociedades realizavam-se bailes de Carnaval durante três noites, com animação e uma matiné à tarde. Os “ovos carnavalescos eram de cascas e serraduras” e havia prémios para a melhor máscara.
O Entrudo tinha início com o desfile de carros alegóricos e ornamentados acompanhados pela Banda Municipal Redondense tocando as mais famosas Marchas Carnavalescas, como era tradição. Na terça-feira, os carros voltavam a desfilar pelas ruas da vila e “Após três voltas ao percurso dar-se-ia início à famosa, tradicional e única em todo o Alentejo, Batalha das Flores e depois a desejada Farinhada” (Correspondência Expedida,1979). Na quarta-feira, dita de cinzas, a queima do Rei Momo simbolizava o final dos festejos.
Nesta quarta-feira também era tradição muita gente ir para a Ribeira do Calado passear e aos bailes (Correspondência Expedida,1928).
Cota- PT/CMRDD/R/A/001/Cx001
A 19 de Dezembro de 1902 foram aprovados os Estatutos da Sociedade Harmonia e Progresso Redondense com o objetivo de proporcionar a convívio entre os sócios. No passado dia 19 comemorou 120 anos de existência!
A segunda metade de Oitocentos foi uma época de grandes e rápidas mudanças ao nível da vida quotidiana e das práticas sociais. Esta sociedade foi um pilar significativo na vida cultural redondense com atividades ligadas ao convívio: os bailes e os espetáculos de música, os saraus, o xadrez, o bilhar e as cartas e, uma biblioteca.
“Rogo a fineza de me remeter com brevidade duas dúzias de baralhos de cartas n.º 20 próprias para o jogo do burro, mais peço envie uma dúzia de giz para bilhar em cor verde” (Em 30/04/1923, Livro da Correspondência Expedida da Sociedade Harmonia e Progresso Redondense).
Localizada no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, anterior Largo da Farinha (zona de venda de farinha) sofreu obras em 1945. A fachada principal da sede da Sociedade Harmonia e Progresso Redondense é constituída por dois pisos abrangendo uma área de 560 metros quadrados.
Foi um reflexo das políticas do Estado Novo em que as sociedades recreativas assumiam extrema importância na dinâmica cultural dos associados e das suas famílias.
Cota- PT/CMRDD/L/001/Cx001
As oliveiras há séculos que fazem parte da paisagem do concelho de Redondo, a azeitona depois de varejada pelas gentes se transforma em azeite que é sustento e tempero que fizeram parte do trabalho agrícola redondense.
Distinguiam-se três qualidades de azeite: o azeite virgem/extra ou superior, o azeite fino e o azeite ordinário de acordo com a acidez.
O azeite destaca-se pela sua qualidade e em 1862 são enviados para figurar na Exposição Universal em Londres: azeite superior, azeite ordinário e azeitonas de duas qualidades. Produtos de Domingos António Falé Ramalho.
O documento em destaque relata um período conturbado pela falta de géneros e consequente subida dos preços.
Em 1917, um abaixo-assinado dos proprietários e produtores de azeite (número total de 48) deste concelho comprometem-se em fornecer 10% da sua colheita de azeite para consumo das classes menos abastadas do concelho. Ano em que a fome era o grande flagelo do país, justificada pela intervenção da I Guerra Mundial.
A necessidade que o Governo tinha de abastecer os mercados de Lisboa e Porto que se encontravam esgotados deste género de primeira necessidade, convidando todos os produtores a voluntariamente entregar o azeite excedente às necessidades do consumo local.
Entre 1921-1922 há notas da existência de 6 lagares: Emília Augusta da Silva Queimado (na Travessa da Ponte), Rui Carmelo Rosa (no Outeiro do Lagar e outro no Poço Velho), Adelino Joaquim da Silva (Rua do Poço Novo), João Bento Lima Rosado (na Rua de S. João), Dr. António Vicente Marçal Martins Portugal (no Largo do Valado) e José de Almeida Barrancos.
Todos os detentores, negociantes, lavradores, produtores ou possuidores de azeite eram obrigados a manifestar as existências em seu poder. Em 1927, 185 manifestos só na freguesia de Montoito e 91 no restante concelho.
Cota- PT/CMRDD/K/B/001/Cx001
A Igreja Matriz começou a ser construída em 1572.
Durante o período de 1732 a 1749 esteve em obras. No Livro 2.º do Registo das Provisões e Ordens Régias tomamos conhecimento dessas obras.
“Traslado de uma provisão porque sua Majestade que Deus guarde foi servido que se vendessem cem moios de trigo a cinquenta de centeio para as obras da câmara e para o dourado do retábulo da capela-mor da igreja matriz” (f.49), 9 de Outubro 1744.
Estando a igreja matriz sem a “decência” devida empenharam-se os moradores desta vila com todo o zelo que, só de suas bolsas tinham gasto dez mil cruzados em reedificar a capela-mor acrescentando-a e fazendo-lhe tribuna para a exposição do Santíssimo Sacramento e vestindo o corpo da igreja com seis capelas cujos retábulos se achavam dourados em todo ou em parte menos a do altar-mor a tribuna que, pela sua grandeza e poucas forças do povo não podia o mesmo alcançar a dourá-lo. Sua Majestade aprovou e fez-se a obra.
E outro “Traslado de uma provisão que sua Majestade consentiu a tirar-se cinquenta moios de pão do depósito trinta de trigo e vinte de centeio para uma sacristia da Matriz”. (f.58)
O prior da matriz da vila do Redondo apresentou petição que pela necessidade que tinha a dita igreja matriz de sacristia e os moradores da dita vila sem possibilidade para a fazerem pretendia se lhe concedessem provisão para se tirarem do depósito comum dela cem moios de pão e do seu produto se fazer a referida obra pois tratando-se a igreja com toda a decência pelo zelo dos moradores que concorreram com dez mil cruzados para a sua reedificação e só faltava a sacristia de que ao presente era trânsito e serventia de uma estrada entreaberta.
A 17 de Abril de 1749 é afixado um edital no pelourinho com a informação da confirmação de Sua Majestade para a dita obra.
COTA- PT/CMRDD/A/002/Lv006A
Com a Primeira República Portuguesa surge uma campanha de combate ao analfabetismo a 29 de março de 1911, uma lei cujo objetivo básico era a reforma do ensino primário. A administração das escolas primárias é entregue aos municípios.
O ensino primário passa a obrigatório para as crianças dos seis aos doze anos de idade, distribuídas por salas para o sexo feminino e salas para o sexo masculino, e algumas (poucas) mistas.
O Arquivo Municipal disponibiliza para consulta o Recenseamento Escolar (1898 – 1915), isto é, o registo das crianças do sexo feminino/masculino em idade escolar recenseadas nas sete freguesias existentes no concelho. Do qual constam nomes, apelidos, data de nascimento, assim como alguns elementos identificativos da pessoa a cargo de quem está a educação da criança (mãe ou pai). A residência, se a criança trabalhava (emprego agrícola ou industrial) e se frequentava uma escola particular ou se o ensino é dado por alguém da família.
No ano de 1911 em S. Miguel do Adaval, estavam inscritas 16 crianças do sexo masculino e 23 crianças do sexo feminino; no Freixo, 65 crianças do sexo masculino e 46 do sexo feminino; na freguesia de Santa Susana estavam inscritos 34 meninos e 31 meninas; em S. Bento do Zambujal, frequentavam a escola 17 rapazes e 26 raparigas; em Monte Virgem estavam inscritos 46 crianças do sexo masculino e 52 do sexo feminino; em Montoito há registo de 156 alunos (Aldeia, Vila ou Falcoeira) e 142 alunas; na vila de Redondo frequentavam a escola para o sexo masculino 382 alunos e a escola para o sexo feminino 394 alunas.
Em 1911, na totalidade estavam inscritas 1430 crianças.
Este ano letivo 2022/2023 estão inscritas 200 crianças (número total da soma das freguesias atualmente existentes, Redondo e Montoito).
COTA- PT/CMRDD/R/001/Cx001
A atividade económica e social do concelho sempre esteve associada à olaria, ao mel e ao vinho.
O Foral novo da vila de Redondo, outorgado por D. Manuel em 1517 já fazia referência ao vinho “E da carga maior de vinho ou vinagre se pagará um real e das outras cargas por esse respeito.”
No séc. XIX a maior parte da população do concelho ocupava-se dos trabalhos vitivinícolas, desde os produtores aos trabalhadores das vinhas, passando pela produção (adegueiros) ao comércio (carreiros, almocreves e taberneiros). Uma das atividades económicas mais importantes, sendo o sustento de muitas famílias.
O manifesto ou arrolamento, neste caso, dos vinhos, era obrigatório. Os produtores tinham de declarar as quantidades de uva ou vinho da última colheita em sua posse.
Neste livro, referente a Montoito (1809 – 1835) podemos verificar que Mariana Angélica lavradora manifestou uma pipa e quatro almudes de vinho que teve da sua colheita assim como um almude de aguardente. Enquanto Francisco Ramalho manifestou cinco almudes de vinagre.
O vinho era sobretudo produzido para o consumo interno do concelho.
Cota- PT/CMRDD/K/B/001/Lv001
O Arquivo Municipal apresenta o programa das festas mais antigo do seu acervo documental, datado de 1932.
As festas, de cariz religioso eram em honra de Nossa Senhora de ao Pé da Cruz, padroeira da vila. Assinalada a devoção com procissões e missa.
Organizada pela Comissão de Festas de Nossa Senhora de ao Pé da Cruz presidida pela Filarmónica Municipal Redondense. Com o apoio dos redondenses, sobretudo das famílias mais abastadas.
A Banda Nacional Republicana foi a grande aposta deste programa, uma iniciativa corajosa monetariamente porque era considerada a melhor Banda de Portugal. Fora recebida grandiosamente pela Câmara Municipal de Redondo.
O programa estendia-se por três dias concluídos com um vistoso fogo de artifício.
Os lucros das festas foram a favor do Orfanato de Nossa Senhora da Saúde. Na prática, as festas embora proporcionassem alegria e momentos de divertimento tinham o especial objetivo de contribuir para os Estabelecimentos de Assistência local.
Cota- PT/CMRDD/R/A/001/Cx001
O processo da preparação da lã era um processo complexo e demoroso, segundo os artigos que regem a Fábrica de lanifícios da vila de Redondo, datado de 1804. Note-se que a designação de fábrica não significa a existência de uma fábrica mas sim de um conjunto numeroso de pequenas oficinas domésticas.
A primeira referência aos panos data de 3 Abril 1678.
A lã era cardada com um instrumento de madeira e ferro, semelhante a uma escova, fabricada na própria vila. Como se cardava grande quantidade de lã, chamavam aos redondenses – cardadores.
A fiação da lã era, geralmente feita por gente mais velha por ser um trabalho monótono e que exigia pouco esforço.
Todo este trabalho era observado pelo Vedor dos Panos, eleito em sessão de Vereação, para que fosse feita uma boa obra.
Depois de tecidos os panos, o tecelão era obrigado a colocar o seu ferro ou sinal para marcarem os seus panos e este ferro era registado num livro próprio na Câmara. Existem no Arquivo Municipal três livros para “se assentarem os ferros dos tecelões e mais trapeiros e pessoas que fizerem panos”. O primeiro livro data de 1734, o qual podemos observar nas imagens, exemplo dessas marcas. Os últimos registos datam de 1830.
Um processo complexo que fez parte do quotidiano dos redondenses durante três séculos.
A indústria dos panos teve o seu apogeu no início do séc. XVIII, em que a maior parte da população trabalhava na preparação da lã e a maioria das profissões estavam relacionadas com esta indústria: cardador, tosador, fiandeira, tecelão, tintureiro, …
Em 1802 fabricaram-se nesta vila 3850 peças. A maior parte era exportada para Lisboa durante todo o ano e para várias feiras, como da Golegã, Campo Grande e S. João, em Évora.
A tecelagem foi de tal forma importante e especial, que com os panos de Redondo se vestiu o exército.
PT/CMRDD/K/D/001/Lv001
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