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Nas cortes de Lisboa de 1641 foi lançado um novo imposto, a décima, que incidia sobre todas as rendas e ofícios. Também designada por décima militar por fazer face às despesas com a guerra da Restauração.
Anos mais tarde, a 26 de setembro de 1762, o imposto da décima foi relançado com a mesma finalidade, fazer face às despesas no contexto da Guerra dos Sete Anos.
O conjunto documental da Décima, do Arquivo Municipal é constituído por 150 livros (divididos por prédios urbanos, rústicos e de Montoito), tendo como datas extremas os anos de 1762 e 1844.
O livro apresentado, de 1762 leva-nos a conhecer as ruas da vila (Rua do Arrabalde, Rua dos Curtidos, Rua do Castelo, Praça, Rua de Évora, Rua das Ameixieiras, Rua da Ruinha, Rua do Outeiro do Lagar, Rua do Outeiro de trás, Rua de Nenhures, Rua do Sobreiro, Rua Nova, Rua do Poço Novo, Rua de São Miguel, Travessa de Baixo da Rua de São Miguel, Rua da Botica, Rua das Piçarras, Rua do Calvário, Rua dos Ferreiros, Terreiro do Paço do Prior, Rossio atrás da Rua dos Ferreiros, Rossio Largo, Rua das Flores, Travessa da Rua das Flores, Travessa do Rossio, De trás do Curral, Rua de Montoito e Rua dos Oleiros). E os ofícios dos seus moradores: ferreiros, albardeiros, soldados, carpinteiros, eclesiásticos, almocreves, oleiros, pastores, alvanéus, sapateiros e barbeiros. Mas a grande parte dos moradores da vila estavam ligados à indústria dos panos: cardadores, tecelões, tosadores, carduçadores, tintureiros e fabricantes de panos com e sem prensa.
Os livros da décima constituem uma das principais fontes para o estudo social e económico da época. Contam-nos a história de uma vila, de uma rua, de um prédio, quem eram os proprietários e arrendatários e, as suas profissões.
PT/CMRDD/F/A/002/002/Lv001
A primeira carta de foral atribuída à vila de Redondo data de 27 de abril de 1318, foral fundador da vila e concelho de Redondo.
“Em nome de deus Ámen. Saibam quantos esta carta/ virem e ler ouvirem que Eu Dom Dinis pela graça/ de deus Rei de Portugal e do Algarve (…) faço carta de foro para todo sempre aos/ moradores e povoadores do Redondo. Assim aos presentes/ como aos que hão-de vir (…)”
O foral outorgado pelo rei D. Dinis ordenava a edificação de um castelo, como era frequente acontecer. Que os moradores construíssem um castelo à sua custa e o fizessem com a maior brevidade possível. Construção que tem início em 1319, conforme consta na lápide embutida sobre a Porta da Ravessa.
Este diploma que estabelecia as normas que regulavam a vida coletiva dos habitantes, fixava os limites territoriais do concelho, o qual passava a dispor de estandarte e selos próprios. Estava dotado de autonomia municipal, sob tutela régia.
Cota- PT/CMRDD/A/001/001
(cópia do original- ANTT, Foral de Redondo, 27.4.1318, Chanc. de D. Dinis, livro 3, fol. 118v.)
Transcrição paleográfica segundo as normas de transcrição propostas pela Comissão Internacional de Paleografia e Diplomática
A celebração da Páscoa assume no concelho de Redondo um papel relevante aliado ao cariz religioso o social, percorrendo as procissões, as tradições e a gastronomia.
A primeira referência a este período data de 1704 quando os tintureiros e lavradores foram condenados porque faltaram com a bandeira à Procissão da Páscoa. (PT/CMRDD/B/A/001/Lv004)
A primeira referência à Procissão dos Passos data de 1830 (PT/CMRDD/B/A/001/Lv019), em que é referida a necessidade de mais policiamento para a Procissão dos Passos e Semana Santa.
Na documentação referente à Junta da Paróquia da Freguesia de Redondo (PT/CMRDD/B/B/001/002/Cx001) são referidas as despesas feitas com a festividade da semana santa: “com as palmas e alecrim para a bênção dos ramos; com os santos óleos e folhinhas; com a comunidade dos clérigos na semana santa; com a música na mesma solenidade e com os sermões de mandato e enterro” (1854).
Por sua vez, a Irmandade do Santíssimo Sacramento (PT/ISSR/001/Cx001) tinha no seu orçamento anual da despesa uma verba para ajudar a vestir pobres na Quinta-feira Santa e, para vestir oito crianças pobres, sendo quatro do sexo masculino (calças, colete, casaco, chapéu, um par de meias, um par de sapatos, camisa e ceroulas) e quatro do sexo feminino (saia, casaco, lenço, um par de sapatos, um par de meias, camisa e xaile). (1910)
Em resposta a Questionário da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, datado de 16 julho 1972 “…em Redondo os doces próprios da vila são os da Páscoa: merendeiras, bolos de folha e queijadas.”
Segunda-feira de Páscoa, feriado municipal do concelho, desde 1971: “… por ser este dia de festa tradicional e característica, onde de longa data é festejado… cuja população se desloca para o campo, onde vai comer o tradicional borrego, especialmente junto à ermida de Nossa Senhora da Piedade, onde se adora e venera a imagem” (PT/CMRDD/B/A/001/Lv079).
Arquivo Fotográfico Municipal
Coleção Particular de João Carlos Aires
Foi criada, em 1933, a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), transformada na Polícia Internacional de Defesa do Estado, após o final da II Guerra Mundial.
Tinha como principais competências a vigilância e o controlo de estrangeiros em Portugal, conforme consta do decreto-lei n.º 22.992, de 29 de agosto de 1933. Desta forma, cabia à PVDE “(…) impedir a entrada no País de estrangeiros indocumentados ou indesejáveis; organizar o registo geral e cadastro dos estrangeiros com residência permanente ou eventual no País; exercer sobre os estrangeiros que residam ou transitem pelo País a ação policial necessária (…)”.
Gradualmente, a partir de 1933, judeus, russos (associados à difusão do comunismo) e apátridas passam a ser identificados como “invasores”, ditando a efetivação de normas internas restritivas à sua entrada no país.
Todos os proprietários de hotéis, pensões, casas de hóspedes e congéneres (…) quando da entrada e saída de qualquer estrangeiro têm de participar imediatamente (Art.6º do decreto n.º 15.884).
Os relatórios da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado que se situam entre os anos de 1932 e 1938 mostram múltiplos movimentos de estrangeiros. Aumentando em 1936 a 1939, em virtude da Guerra Civil em Espanha.
PT/CMRDD/H/D/001/Cx001
De tradições se vive o Carnaval em Redondo: quinta-feira de amigos, quinta-feira de amigas, compadres, comadres…
Do popular ao regulamentado, o Carnaval tem uma forte componente lúdica e cultural para os redondenses.
Em Edital, datado de 1867, proibia-se: o uso de máscaras ou trajes que ofendessem a religião ou a moral pública; atirar bombas, laranjas ou quaisquer objetos que possam causar prejuízo… e dar tiros dentro da povoação; escrever palavras desonestas nas paredes; e, usar máscaras à noite ou qualquer espetáculo sem licença.
Em 1927, nas Sociedades realizavam-se bailes de Carnaval durante três noites, com animação e uma matiné à tarde. Os “ovos carnavalescos eram de cascas e serraduras” e havia prémios para a melhor máscara.
O Entrudo tinha início com o desfile de carros alegóricos e ornamentados acompanhados pela Banda Municipal Redondense tocando as mais famosas Marchas Carnavalescas, como era tradição. Na terça-feira, os carros voltavam a desfilar pelas ruas da vila e “Após três voltas ao percurso dar-se-ia início à famosa, tradicional e única em todo o Alentejo, Batalha das Flores e depois a desejada Farinhada” (Correspondência Expedida,1979). Na quarta-feira, dita de cinzas, a queima do Rei Momo simbolizava o final dos festejos.
Nesta quarta-feira também era tradição muita gente ir para a Ribeira do Calado passear e aos bailes (Correspondência Expedida,1928).
Cota- PT/CMRDD/R/A/001/Cx001
A 19 de Dezembro de 1902 foram aprovados os Estatutos da Sociedade Harmonia e Progresso Redondense com o objetivo de proporcionar a convívio entre os sócios. No passado dia 19 comemorou 120 anos de existência!
A segunda metade de Oitocentos foi uma época de grandes e rápidas mudanças ao nível da vida quotidiana e das práticas sociais. Esta sociedade foi um pilar significativo na vida cultural redondense com atividades ligadas ao convívio: os bailes e os espetáculos de música, os saraus, o xadrez, o bilhar e as cartas e, uma biblioteca.
“Rogo a fineza de me remeter com brevidade duas dúzias de baralhos de cartas n.º 20 próprias para o jogo do burro, mais peço envie uma dúzia de giz para bilhar em cor verde” (Em 30/04/1923, Livro da Correspondência Expedida da Sociedade Harmonia e Progresso Redondense).
Localizada no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, anterior Largo da Farinha (zona de venda de farinha) sofreu obras em 1945. A fachada principal da sede da Sociedade Harmonia e Progresso Redondense é constituída por dois pisos abrangendo uma área de 560 metros quadrados.
Foi um reflexo das políticas do Estado Novo em que as sociedades recreativas assumiam extrema importância na dinâmica cultural dos associados e das suas famílias.
Cota- PT/CMRDD/L/001/Cx001
As oliveiras há séculos que fazem parte da paisagem do concelho de Redondo, a azeitona depois de varejada pelas gentes se transforma em azeite que é sustento e tempero que fizeram parte do trabalho agrícola redondense.
Distinguiam-se três qualidades de azeite: o azeite virgem/extra ou superior, o azeite fino e o azeite ordinário de acordo com a acidez.
O azeite destaca-se pela sua qualidade e em 1862 são enviados para figurar na Exposição Universal em Londres: azeite superior, azeite ordinário e azeitonas de duas qualidades. Produtos de Domingos António Falé Ramalho.
O documento em destaque relata um período conturbado pela falta de géneros e consequente subida dos preços.
Em 1917, um abaixo-assinado dos proprietários e produtores de azeite (número total de 48) deste concelho comprometem-se em fornecer 10% da sua colheita de azeite para consumo das classes menos abastadas do concelho. Ano em que a fome era o grande flagelo do país, justificada pela intervenção da I Guerra Mundial.
A necessidade que o Governo tinha de abastecer os mercados de Lisboa e Porto que se encontravam esgotados deste género de primeira necessidade, convidando todos os produtores a voluntariamente entregar o azeite excedente às necessidades do consumo local.
Entre 1921-1922 há notas da existência de 6 lagares: Emília Augusta da Silva Queimado (na Travessa da Ponte), Rui Carmelo Rosa (no Outeiro do Lagar e outro no Poço Velho), Adelino Joaquim da Silva (Rua do Poço Novo), João Bento Lima Rosado (na Rua de S. João), Dr. António Vicente Marçal Martins Portugal (no Largo do Valado) e José de Almeida Barrancos.
Todos os detentores, negociantes, lavradores, produtores ou possuidores de azeite eram obrigados a manifestar as existências em seu poder. Em 1927, 185 manifestos só na freguesia de Montoito e 91 no restante concelho.
Cota- PT/CMRDD/K/B/001/Cx001
A Igreja Matriz começou a ser construída em 1572.
Durante o período de 1732 a 1749 esteve em obras. No Livro 2.º do Registo das Provisões e Ordens Régias tomamos conhecimento dessas obras.
“Traslado de uma provisão porque sua Majestade que Deus guarde foi servido que se vendessem cem moios de trigo a cinquenta de centeio para as obras da câmara e para o dourado do retábulo da capela-mor da igreja matriz” (f.49), 9 de Outubro 1744.
Estando a igreja matriz sem a “decência” devida empenharam-se os moradores desta vila com todo o zelo que, só de suas bolsas tinham gasto dez mil cruzados em reedificar a capela-mor acrescentando-a e fazendo-lhe tribuna para a exposição do Santíssimo Sacramento e vestindo o corpo da igreja com seis capelas cujos retábulos se achavam dourados em todo ou em parte menos a do altar-mor a tribuna que, pela sua grandeza e poucas forças do povo não podia o mesmo alcançar a dourá-lo. Sua Majestade aprovou e fez-se a obra.
E outro “Traslado de uma provisão que sua Majestade consentiu a tirar-se cinquenta moios de pão do depósito trinta de trigo e vinte de centeio para uma sacristia da Matriz”. (f.58)
O prior da matriz da vila do Redondo apresentou petição que pela necessidade que tinha a dita igreja matriz de sacristia e os moradores da dita vila sem possibilidade para a fazerem pretendia se lhe concedessem provisão para se tirarem do depósito comum dela cem moios de pão e do seu produto se fazer a referida obra pois tratando-se a igreja com toda a decência pelo zelo dos moradores que concorreram com dez mil cruzados para a sua reedificação e só faltava a sacristia de que ao presente era trânsito e serventia de uma estrada entreaberta.
A 17 de Abril de 1749 é afixado um edital no pelourinho com a informação da confirmação de Sua Majestade para a dita obra.
COTA- PT/CMRDD/A/002/Lv006A
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