Fragmentos da História Local: A Indústria dos panos
Atualizado em 24/06/2022O processo da preparação da lã era um processo complexo e demoroso, segundo os artigos que regem a Fábrica de lanifícios da vila de Redondo, datado de 1804. Note-se que a designação de fábrica não significa a existência de uma fábrica mas sim de um conjunto numeroso de pequenas oficinas domésticas.
A primeira referência aos panos data de 3 Abril 1678.
A lã era cardada com um instrumento de madeira e ferro, semelhante a uma escova, fabricada na própria vila. Como se cardava grande quantidade de lã, chamavam aos redondenses – cardadores.
A fiação da lã era, geralmente feita por gente mais velha por ser um trabalho monótono e que exigia pouco esforço.
Todo este trabalho era observado pelo Vedor dos Panos, eleito em sessão de Vereação, para que fosse feita uma boa obra.
Depois de tecidos os panos, o tecelão era obrigado a colocar o seu ferro ou sinal para marcarem os seus panos e este ferro era registado num livro próprio na Câmara. Existem no Arquivo Municipal três livros para “se assentarem os ferros dos tecelões e mais trapeiros e pessoas que fizerem panos”. O primeiro livro data de 1734, o qual podemos observar nas imagens, exemplo dessas marcas. Os últimos registos datam de 1830.
Um processo complexo que fez parte do quotidiano dos redondenses durante três séculos.
A indústria dos panos teve o seu apogeu no início do séc. XVIII, em que a maior parte da população trabalhava na preparação da lã e a maioria das profissões estavam relacionadas com esta indústria: cardador, tosador, fiandeira, tecelão, tintureiro, …
Em 1802 fabricaram-se nesta vila 3850 peças. A maior parte era exportada para Lisboa durante todo o ano e para várias feiras, como da Golegã, Campo Grande e S. João, em Évora.
A tecelagem foi de tal forma importante e especial, que com os panos de Redondo se vestiu o exército.
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